

Des de o confisco da poupança no governo de Fernando Collor de Melo no início da década de 1990.
A cidade de Paulo Afonso-Ba que em 1990 tinha uma população de 170.000 habitantes.
Tinha 12.000 funcionários nas usinas da Chesf, contra 2000 funcionáros do comércio da cidade.
Porém de 1990 prá cá a população caiu para 110.000 habitantes.
E enquanto a Chesf reduziu seu quadro de funcionários de 12.000 para apenas 2000 em 1992 após Fernando Collor de Melo ser expulso pelo EMPICHTIMENT.
Assim sendo até a data desta reportagem muitos jóvens nascidos na cidade vão embora procurar emprego em vários estados do Brasil e em países como Angola onde a maioria dos jóvens paulafonsinos estão trabalhando.
Já que o comércio da cidade depende principalmente do salário dos funcionários da Chesf.
E nos últimos dias muitos comércios da cidade vem fechando as suas portas e demitindo os seus funcionários.
Veja o Resultado do descaso das autoridades desta cidade na reportagem da revista ISTO É DINHEIRO...
ECONOMIA
Nº edição: 195 11.MAI - 10:00 Atualizado em 08.03 - 16:32
CHESF, USINA DO DESCASO
A hidrelétrica que abastece o nordeste, engessada pelo plano de privatização, perde seus melhores cérebros e deixa usinas virarem sucata
Por Andrea Assef e Ciete Silvério (fotos), do Recife
Aqui começa uma história de descaso. Nos grotões do Nordeste, em plena sede da Companhia Hidroelétrica do São Francisco (Chesf), a maior geradora de energia do País, no Recife, uma usina apodrece a céu aberto. O cenário é de total abandono. Máquinas desmontadas enferrujam, o mato está alto e as placas com avisos de segurança estão em processo de corrosão – assim como toda a estrutura da usina térmica do Bongi. Instalada no final dos anos 80, a usina nunca viu as suas cinco turbinas funcionarem por completo. Foi construída numa região onde anteriormente era mangue. Se estivesse funcionando, iria gerar 150 megawatts, o equivalente a metade do consumo do Estado do Piauí.
Em plena escassez de energia, a situação da térmica do Bongi chega a ser um acinte e compromete o sistema do Nordeste. Lá onde Bongi enferruja, a crise energética brasileira jogou holofotes sobre outra crise, a da Companhia Hidroelétrica do São Francisco, um coração de produção hidrelétrica capaz de fornecer 10.704 megawatts para oito Estados e 40 milhões de pessoas. No embalo do programa de desestatização, a Chesf reduziu pela metade o seu quadro de pessoal na última década. Perdeu cérebros vitais no corpo de engenheiros altamente qualificados. Qualquer empresa desse setor sabe o custo que é formar mão-de-obra de ponta, com investimentos caros em treinamento. A Chesf, sob o argumento de que seria privatizada e precisava, portanto, limpar custos de pessoal para mostrar resultados mais lustrosos, fez tudo ao contrário. Afastou os mais experientes, contratou recém-formados com salários mais baixos e comprometeu o funcionamento. Equivale à atitude daquele dono de um carro amassado que para vender mais caro manda o funileiro fazer uma maquiagem com plástico na lataria. No total da operação limpeza, a Chesf reduziu seu quadro de 12 mil para 5.200 funcionários.
Os mais antigos da empresa-símbolo do Nordeste, antes tratados com reverência dentro e fora da companhia, viraram personas non gratas. Foram encurralados por medidas como o fim do adicional de periculosidade em alguns setores (que significou redução de 30% sobre o salário). O melhor para esse grupo foi entrar nos planos de demissão voluntária. Junto com eles, porém, foi embora parte do know how da empresa. “A Chesf perdeu pessoas que detinham a tecnologia de construção de usinas em rocha, uma raridade no mundo”, explica Edvaldo Gomes, presidente do Sindicato dos Urbanitários de Pernambuco. O caso do engenheiro elétrico Adelino Gentil Gusmão Bastos é ilustrativo. Considerado o maior especialista da Chesf na área de gerenciamento de medição elétrica, Bastos teve uma participação estratégica na instalação da usina de Xingó, a maior do Nordeste. Desenvolveu todo o sistema de aferição que mede o consumo de energia da usina. Ele já não estava mais quando o presidente Fernando Henrique Cardoso inaugurou a usina, em setembro de 1997. “Eles me acharam velho”, conta ele, que tinha 51 anos quando viu-se obrigado a optar pela demissão voluntária.
Além de pessoal, a Chesf teve esvaziado o seu poder de fogo como empresa que sempre esteve à frente das grandes obras da região. Engessada pelo atual modelo de privatização, a Chesf não foi capaz de acompanhar a demanda e fazer os investimentos necessários para ampliar suas linhas de transmissão. Ficou mais capenga ainda a partir de 1998, com a criação da ONS (Operadora Nacional de Sistemas), uma entidade privada encarregada de administrar a operação do sistema nacional de energia.
A ONS retirou das mãos das empresas concessionárias Chesf, Furnas e Eletronorte o controle da oferta de energia. Além disso, houve um desmembramento dessas empresas para criar a ONS. No caso do centro regional do Nordeste, técnicos e engenheiros da Chesf foram transferidos para esse novo órgão. Na opinião do ex-funcionário da Chesf, que fez parte da comissão de estudos das Minas e Energia, Fernando Ferro, a ONS é uma entidade quase virtual. “Ela se apropriou da inteligência das concessionárias e não foi capaz de executar funções como o planejamento do setor”, acusa Ferro. Segundo ele, o caos da situação energética do País revela o fracasso do modelo de reestruturação do setor. “Não existe nenhuma grande empresa hidrelétrica no mundo privatizada.” Graças a argumentos como esse, a privatização da Chesf, marcada para março de 1999, foi adiada. A bancada nordestina conseguiu maioria no Congresso e impediu a venda da concessionária. Agora há um projeto de lei que prevê a criação de um plebiscito no Nordeste para decidir a questão da Chesf. Deverá ser votado na Câmara ainda este ano.
Com um patrimônio líquido avaliado em US$ 10 bilhões e um valor de venda calculado em torno de US$ 7 bilhões, a Chesf hoje está mais estatal do que nunca. “Do ponto de vista organizacional, a empresa está pronta para ser privatizada”, garante Mozart Siqueira, presidente da Chesf. No momento, não há candidatos. Um dos principais argumentos dos defensores da não privatização da Chesf é a questão do Rio São Francisco, responsável por mais de 90% da energia gerada pelas 14 usinas da rede. O rio corta toda a região do chamado Polígono das Secas, beneficiando 446 municípios, onde vivem 14 milhões de pessoas. Em locais como a da usina de Sobradinho, que formou um dos maiores lagos artificiais do mundo, existe uma área de intensa produção de frutas, exportadas para o mundo inteiro. “Privatizar a Chesf significa privatizar o Rio São Francisco”, diz o sindicalista Edivaldo Gomes. Essa discussão ficou para depois. Depois que todos os Pedros chegarem a um acordo. São Pedro, para quem todo mundo torce que faça chover. Pedro Malan, que precisa abrir a torneira para jorrar os necessários investimentos. Pedro Parente, o príncipe das trevas que pode devolver a luz. E Pedro, imperador II, que foi o primeiro a olhar para esse rio, mapeá-lo, documentá-lo e dar a ele a base de onde nasceu a Chesf.

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